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Por que repensar a forma de coletar DAP?

Talvez seja hora de repensar a forma de coletar DAP na sua empresa. Profissionais biometristas estão cada vez mais focados em aumentar precisão e eficiência de suas operações. Muitos dos biometristas inclusive acreditam que a forma tradicional de medição do DAP em campo é a forma mais precisa para a empresa em que trabalham. E, talvez, a única. Mas, será que não existe outra maneira?

 

Conceito de DAP

Para quem ainda não conhece, o diâmetro à altura do peito (DAP) é uma das variáveis mais importantes na mensuração florestal. Isto é, o DAP precisa ser medido para que o inventário florestal possa acontecer, e assim, determinar, por exemplo, o volume de uma floresta.

No Brasil, de acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), a medição do DAP deve ser feita a partir de uma árvore em pé a 1,30m de altura em relação ao nível do solo. Isso acontece pois, esse ponto da medida oferece mais agilidade no trabalho à campo, facilita o manuseio de instrumentos de medição e ainda, evita a ocorrência de problemas ergonômicos para o mensurador.

 

É uma verdade inconveniente, mas chegou a hora de revisitar este importante conceito.

 

Eu, como a maioria dos biometristas, sempre utilizei a forma tradicional, definida há dezenas de anos. Mas, a ciência avançou, assim como os estudos florestais. Contudo, o conhecimento prático talvez, não.

 

DAP coletado da forma tradicional

Neste ano, tive oportunidade de interagir com vários clientes que precisam fazer o Inventário Florestal. E, como de costume, os pergunto sobre as principais expectativas de suas áreas. Como resultado, geralmente escuto que um dos maiores desafios para eles é conseguir aumentar a confiabilidade e a precisão da informação.

Aproveito também, para perguntar sobre detalhes operacionais.  Pergunto sobre questões mais técnicas e complexas (como os principais algoritmos e modelos utilizados) até questões mais simples. Por exemplo, qual o equipamento padrão para a coleta de diâmetro a altura do peito (DAP)?

Ao conversar com mais de duas dezenas de empresas, descubro que no Brasil o equipamento mais utilizado, é a fita métrica (64%), seguido pela suta (24%). É claro que, cada um destes equipamentos possui seus aspectos positivos e negativos. Mas, não iremos falar sobre eles aqui.

 

Suta para coletar DAP

Durante a graduação aprendemos que, no caso da Suta, deve-se coletar no mínimo duas medidas de diâmetro ortogonais entre si, pois as árvores dificilmente possuem secções perfeitamente cilíndricas. Inclusive, todas as empresas cumprem à risca essa orientação.

Mas, após terem coletado as duas medidas de diâmetro, costumo perguntar sobre o procedimento padrão utilizado para a obtenção do diâmetro equivalente.

E a resposta é sempre categórica. “Fazemos uma média aritmética entre as duas medidas de diâmetro”.

DAP = (DAP1 + DAP2) / 2

 

Há alguns anos atrás eu também faria isso. Afinal, essa é a orientação que encontramos na maioria das bibliografias nacionais e internacionais. Contudo, acredito que antigamente esse era o método que fazia mais sentido, devido às questões operacionais (uso de papel e prancheta, cálculos de média de cabeça, etc.)., apesar de avanços em coletores e em softwares de coleta o legado desta abordagem permaneceu.

Porém, do ponto de vista geométrico e matemático, a abordagem da média aritmética é pouco eficiente e gera uma aproximação do diâmetro equivalente da árvore. Isso acontece porque a abordagem, de maneira sistemática, tende a superestimar a área transversal da árvore e por consequência, o volume da mesma.

 

Mas, como fazer então? Qual a abordagem correta para coletar o DAP?

Para a obtenção do diâmetro equivalente, deveria utilizar a média geométrica dos dois diâmetros.

DAP = √(DAP1 * DAP2)

 

Para mostrar o impacto em escala que isso pode ter, fiz uma simulação no R que ilustra o efeito desta superestimativa.

 

O gráfico acima, demonstra a diferença na área basal calculada, utilizando diâmetro equivalente com a média aritmética, e também, com a média geométrica, tendo como referência a área da elipse.

No caso extremo da simulação, para uma árvore que possui o DAP2, 50% menor que o DAP1. (Por exemplo, DAP1 = 20cm e DAP2 = 10cm). O erro de superestimativa da área basal e do volume, pode chegar a 12,5%.

Entretanto, para a realidade de florestas plantadas, as excentricidades dificilmente são tão grandes assim. Mas em termos práticos, elas podem resultar em erros de superestimativas na ordem de 1% a 2%, a depender da idade e do espaçamento do povoamento.

 

Conclusão

Na busca pela máxima precisão cada detalhe conta, e o tema deste artigo é muitas vezes uma fonte de erro desconhecida pela maioria das empresas, mas que pode facilmente ser solucionada.

Foi pensando justamente em levar as melhores práticas a indústria florestal, que já implementamos de maneira nativa no APP SmartForest da Treevia essa abordagem.

Qual o procedimento padrão de coleta de DAP na sua empresa? Você já tinha ouvido falar na média geométrica para as medidas de DAP?

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