Um dos maiores desafios ao investir em teca é atingir a máxima produtividade do ativo florestal, e se planejar para ela. É claro que a máxima produtividade é o grande objetivo de quem investe em um ativo florestal.
Mas, a transformação de um plantio recente para uma floresta de alto valor agregado é um processo sinuoso e cheio de obstáculos que vão aumentando com o passar do tempo. Muitas vezes, a floresta não responde como a sua expectativa, e o desafio reside justamente na necessidade de se preparar para estes momentos.
Diante de todo conhecimento acerca da produção e manejo de florestas de madeira nobre, foi observado que há grande oportunidade de explorar informações além da espécie, como seu potencial genético e as políticas envolvidas.
Manter-se atualizado sobre esses assuntos é essencial aos gestores que, limitados pelo excesso de tarefas e falta de tempo acabam optando por decisões diárias, tomadas com pouco ou nenhum planejamento.
O pesquisador, Michael Kleine, da IUFRO, compartilha lições sobre a teca e o processo de melhoramento florestal.
Escolha da Teca
A melhor maneira para escolher uma espécie é compreendendo suas características e usos, seja por meio de estudos, consulta com especialistas ou relatórios técnicos. De acordo com alguns investidores florestais, uma das principais razões para sua escolha é a sua qualidade, alto valor e seu alto retorno econômico.
Neste quesito, a Teca é uma das poucas espécies emergentes de madeira de alto valor agregado, que é adaptada em cerca de 70 países tropicais da Ásia, África, América Latina e Oceania. Na maioria desses países, embora seja uma espécie introduzida, a teca representa parte importante na economia florestal, atraindo grandes investimentos do setor privado.
Segundo o relatório ‘The Global Teak Study Analysis, Evaluation and Future of Teak Resources’ desenvolvido pelo pesquisador Michael Kleine e publicado pela FAO em 2014, a Teca já está no topo da lista de espécies consideradas como prioridade nacional para a conservação e tem seu uso principal em manejo de recursos florestais, inclusive em mais de 20 países.
A teca já está presente em muitos países e atinge 7 milhões de ha
De acordo com Michael Kleine, as Florestas de teca para produção abrangem aproximadamente 7 milhões de hectares no mundo todo, dos quais mais de 80% crescem na Ásia, 10% na África e 6% na América tropical.
Elas são conhecidas por exibirem uma ampla gama de variação relacionada à origem no crescimento e as características da madeira. As florestas naturais de teca, por sua vez, cobrem cerca de 29 milhões hectares na Índia, Laos, Mianmar e Tailândia, dos quais quase metade está localizada em Mianmar.
Obviamente que, apesar de todo o contexto mencionado aqui, é importante salientar que o gestor é o principal responsável pela escolha da espécie e pelo manejo florestal. É indispensável que ele esteja devidamente habilitado para fazer boa gestão das etapas de monitoramento, agindo não só como espectador, mas também como protagonista capaz de perceber quais são as necessidades momentâneas para manter a saúde e qualidade do ativo florestal.
Característica da Teca
A Teca é a espécie preferida por sua madeira ser de alta qualidade, devido à sua densidade e resistência moderadas, alta estabilidade dimensional, alta durabilidade e figura de madeira ornamental, é uma escolha recorrente de investidores de madeiras nobres.
Para produzir boa qualidade de teca, são necessários os programas de melhoramento genéticos para a seleção das características desejadas como as de qualidade da madeira. Estamos falando do rápido crescimento, tronco retilíneo, madeira resistente e alta durabilidade, são apenas alguns exemplos. Contudo, um dos erros mais comuns é achar que por se tratar de plantio para produção, a variação genética da teca é baixa, isto é, que o seu plantio sempre será homogêneo como em plantios clonais de eucalipto.
Variação genética da teca
Existe alta variação genética na Teca, que proporciona ganhos significativos na melhoria das árvores. Mas tais melhorias estão longe de serem totalmente avaliadas e “implementadas”. Por isso, ainda vemos plantios bem heterogêneos, com algumas árvores mais frondosas, outras menos. Quando essa disparidade acontece, é neste momento que o gestor florestal, de fato, chega a ficar desesperado, sem saber onde errou.
Se pudéssemos fazer uma analogia do melhoramento florestal com a construção de um projeto, poderíamos sugerir que a lista de melhorias florestais é lista de atividades a serem desenvolvidas ao longo do projeto. Para atingir resultados os esperados, leva-se tempo e é necessária priorização. Assim, há inúmeras características genéticas passíveis de melhoria, porém é importante priorizar dentro de um programa de Melhoramento genético.
Para uma visão efetiva da dimensão de sua importância, os programas de melhoramento genético são cruciais em muitos países com o objetivo de melhorar ainda mais a qualidade da madeira das florestas plantadas em teca. Desde a 2ª Conferência Mundial da Teca realizada em Bangkok em maio de 2013, os parceiros internacionais IUFRO, FAO e A TEAKNET vem promovendo o programa internacional de pesquisa, desenvolvimento e cooperação para fortalecer a conservação e o uso sustentável dos recursos genéticos da teca em benefício dos produtores, indústrias florestais, investidores e comunidades locais.
A maioria desses estudos e pesquisas, no entanto, é estabelecida com sementes de origem incerta e qualidade e, mais recentemente, com clones sendo produzidos em países como Brasil, Costa Rica, Costa do Marfim, Índia, Indonésia, Malásia, Tanzânia e Tailândia. A longo prazo, esses programas ajudarão a ampliar a base genética do plantio de teca disponível em estoque e, assim, contribuir para o estabelecimento de plantações de teca resilientes e de alta qualidade. Neste quesito, a implementação do Programa Global de Apoio à Teca (GTSP) contribuirá para o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 para a Sustentabilidade e Desenvolvimento.
Aqui vale um “parêntese”. A maioria das florestas de teca plantadas atualmente estabelecidas são de germoplasma baseado em um número muito limitado de clones originários principalmente da Costa Rica, Malásia ou Tailândia.
Business plan genético
A combinação da seleção do local apropriado associado ao material de germoplasma e adotando as práticas silviculturais certas poderão aumentar o rendimento para 8 a 12 m3 / ha / ano em uma rotação curta de 20 anos para obter melhores retornos econômicos.
Por fim, para ter sucesso, o compartilhamento do conhecimento florestal e acesso ao material reprodutivo é crucial. Neste sentido, as agências nacionais e internacionais devem se esforçar promover as melhores práticas no cultivo de teca especialmente para garantir a capacidade dos pequenos produtores de gerenciar lotes de madeira de maneira sustentável, acessar mercados e obter retornos lucrativos para seus produtos.
